terça-feira, 1 de julho de 2008

Plágio na Academia

O que esperar de um profissional que compra o trabalho de conclusão de
curso para terminar a faculdade? No Rio Grande do Sul, o Jornal Hoje
investigou o comércio ilegal de monografias e descobriu até um
programa criado para farejar plágios.

Uma fraude contra o Ensino Superior aconteceu dentro do próprio campus
da Universidade Luterana do Brasil em Torres, no litoral gaúcho.
Decidimos simular a compra de um trabalho de conclusão de curso e
descobrimos quem presta o serviço ilegal é a bibliotecária da
universidade, Flávia Monte.

Procuramos a bibliotecária com o tema do trabalho e, depois de dois
encontros, ela deu o preço:

Repórter:Teu nome não vai aparecer?
Flávia: Não, nem conheço vocês.
Repórter: E fica mais ou menos em cima de R$ 800?
Flávia: É, eu tinha dito. Mais ou menos isso.
Repórter: Se tivesse que começar hoje fazer a monografia, tu levaria
quanto tempo?
Flávia: Em torno de dois meses, por aí.

Não há números sobre a quantidade de plágios flagrados nas
universidades gaúchas, mas a preocupação dos professores mostra que o
problema é grave. Maximiliano Pexxin dá aulas de informática em Santa
Cataria e criou o "Farejador de Plágio": o programa de computador
pesquisa na internet a origem dos trabalhos feitos por alunos.

"É muito comum que os acadêmicos copiem trechos de sites da Internet e
apresentem como seus", explica o professor. "O grande objetivo do
programa é automatizar o processo de detecção desse tipo de fraude",
explica o professor.

Fraude pela Internet
Páginas na Internet também oferecem monografias feitas sob encomenda.

Ligamos para o telefone indicado em uma delas:

Repórter: Pesquisando na Internet, não tem como descobrir que não fui
eu que fiz o trabalho?
Interlocutor: Não tem, cara, porque na verdade o trabalho em si é
feito individualmente. Cada trabalho é um trabalho, não se pega
trabalho de outro. Tu vai montando ele a partir da bibliografia, como
se fosse construindo do zero, não tem o que eles descobrirem. Eu faço
em torno de oito por semestre.

Para driblar os professores que orientam a elaboração dos trabalhos,
os golpistas ensinam: "Tu vai ter que ir levando parte pro teu
orientador e ele vai sugerindo modificações. Colocar trabalho pronto é
muito incerto", ensina outra fraudadora.

O universitário que copia um trabalho pronto ou paga para alguém fazer
no lugar dele pode perder o diploma e ser enquadrado por crime de
falsidade ideológica e violação do direito autoral. A pena pode chegar
a três anos de prisão. Quem presta o serviço pode responder por
co-autoria do crime.

Depois de ser informada sobre a fraude, a Universidade Luterana do
Brasil demitiu a bibliotecária por justa causa.

Fonte: http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20080630-324722,00.html

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